Parece que ela sabia que algo ia mudar em sua vida.
Ela era meio proibida de sair, porque namorado não deixava, mas aquela noite ela cismou de sair.
Pegou o carro e foi dirigindo, meio pensativa sobre o namorado que havia arrumado, e estava vendo que ultimamente ele andava meio estranho, amoroso, porém ele estava bebendo, ela sentia o cheiro da bebida.
Ele tinha dois amigos que não desgrudavam dele, e ela andava meio desconfiada, aonde eles iam, onde eles frequentavam, sem ela saber...
Então começou a desconfiar, que ele não a deixava sair, para ela não falar com ninguém, e ter poucos amigos, e assim, não saberia e não veria nada que ele fazia...
Fazia um tempinho que ela andava meio desconfiada...
Ela ia dirigindo e pensando sobre tudo, sobre os dois, sobre o sexo que faziam, que era perfeito, sobre os carinhos dele, mas ela não podia contar só com isso. Isso não seria tudo para uma vida que ele dizia almejar ter com ela.
Então, viu uma praça, viu o mar e parou o carro. A praça era iluminada, e havia pessoas e crianças por ali. Sentou no banco, abriu a Coca Cola que havia levado, acendeu um cigarro e ficou, relaxada e tranquila, a pensar como falaria com ele sobre tudo que ela estava percebendo.
De repente, ela ouviu um barulho de moto estacionando e olhou. Era ele, e então ela percebeu que ele vinha andando meio em zig zag, e ficou com medo. Percebeu que ele havia bebido um pouquinho demais...Como veio de moto, subindo os morros, que precisava passar, para chegar até ali? Que perigo!
Ele chegou, não falou nada e sentou ao lado dela no banco, com a cabeça baixa.
E ela ficou com o braço ao redor do ombro dele, também em silêncio.
Então, depois de uns minutos ele disse:
-Não sei o que será da nossa vida, Aline. Nada tenho nada a te oferecer, e quero você só para mim. Não está certo esse nosso amor.
Meu sonho é construir uma casinha para nós em cima de uma pedra, aonde você faria tudo dentro de casa, sem roupa, sem se preocupar com vizinhos! Você é tão linda, as vezes penso que não te mereço.
Então ela o abraçou forte, e beijou-o, e sentiu o gosto da bebida, mas ela nada falou, aquele momento era só emoção para eles...
Ela não sabia, o que viria a seguir.
Ele levou-a pelas mãos até a areia do mar, e se encostaram em uma pedra gigante.
Ela, aproveitou aquele momento que ele estava calmo, amoroso e perguntou, o que a muito queria perguntar:
-Amor, me responde uma pergunta?
Ele assentiu com a cabeça.
-Onde você vai com seu amigo M, quando vocês saem sozinhos?
Ele ficou calado, saiu de perto dela, pisou na água do mar de tênis, e voltou, com um olhar tenebroso, e foi levantando a mão para bater nela!
Ela, segurou suas mãos e o arranhou o rosto dele e saiu correndo.
Nossa o que havia acontecido com ele?
Todos na pracinha olharam, ele percebeu, pegou a moto e saiu em desalinho pela estrada.
Um casal veio até ela e perguntou o que tinha acontecido, porque eles haviam reparado nas cenas amorosas que antes estávamos protagonizando!
Eu disse:
-Não entendi, o que aconteceu, só não aceitei ele tentar me bater por uma pergunta que fiz... mas obrigada, pela atenção.
Levantei peguei o carro e até em casa fui chorando, e pensando que na verdade ele havia bebido e usado alguma droga, porque jamais ela o tinha visto tão amedrontador.
E daquele dia em diante, ele voltou a procura-la, mas ela viajou por um longo tempo para onde ele nunca mais a acharia. Não voltou a falar com ele.
E só após um longo tempo, ela soube que ele havia casado, tinha filhos, era feliz, e ela viveu sua vida normal.
Havia mágoa no coração dela, mas não havia rancor.
Aneide Ramos Mafra 2013
